Portugal atravessa 
uma fase dificil.

Recentemente, esta é a frase mais proferida.
O povo português vive na indecisão. 
Num país em que a oportunidade é cada vez mais escassa, surge a questão.
Partir ou não partir?

A decisão é dificil; um processo moroso, e a despedida é breve.

António Lobo Antunes, escritor português, atravesssa agora um periodo de rejeição pelos leitores.
Os seus textos; irónicos, agressivos e rudes; por vezes ofensivos; são cheios de verdade.
Verdade que fere. Mas que representa o nosso país, o nosso povo. As nossas características.

Este projecto, realizado para a unidade curricular ILUSTRAÇÃO do mestrado de design gráfico e projectos editoriais, tem como objectivo, através da recolha de imagens e por conseguinte do recorte e colagem, representar vários excertos do autor.

 
Cada vez gosto mais de ser português e cada vez tenho mais orgulho no meu país.
É-me insuportável ouvir dizer «somos um país pequeno e periférico». Para mim Portugal é central e muito grande.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para mim, ser-me-ia impossível viver fora de Lisboa. Falta-me a língua, falta-me este meu povo, feio, pequenino, com mau gosto, malcriado, não sei quê, mas do qual tenho umas saudades loucas quando estou no meio de gente limpa.
 
 
 
 
 
 
“Os portugueses merecem muito melhor, merecem muito mais do que o Governo que têm, muito mais do que a maneira como os obrigam a viver.
Já ouviu um discurso do primeiro-ministro? A quantidade de erros de português que ele dá... Como é que podemos ser governados por pessoas que nem sequer sabem falar português? Não posso com esta mediocridade, com este vazio de ideias, com esta mentira constante. ‘Decisão irrevogável’?
O meu pai nunca admitiria que um filho seu voltasse atrás com a palavra. E isto passa-se no mundo inteiro. Há pouco tempo, George Steiner comentou comigo que nenhum dos bons alunos de Cambridge ia para a política: só os medíocres vão para a política.”
 
 
 
 
 
 
 
Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto.
 
 
 
 
 
 
Nós temos medo do que queremos.
Vivemos todos em Corroios, não temos palhaços de louça nas prateleiras, temos dentro da cabeça.
 
 
 
 
Portugalidade
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Portugalidade

Portugalidade_textos de António Lobo Antunes

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