“Planeta terra, superfície tão vulgar para tantos, mas será tanto assim para alguns??
Este chão que pisamos sem reparar,
que nos oferece estradas incertas com segmentos e rectas,
onde a nossa história é escrita pela passagem,
destino dizem alguns, Karma digo eu,
é o que nos escreve o nome marcado na testa.
Grito nas minhas linhas porque de outras sei, e delas por vezes dependo
Grito porque este mundo não gira à minha volta, mas gira
gira numa volta constante sem tempo de espera
obrigando-me a acompanhá-lo numa volta de cada vez,
expondo-me assim tão grande quanto ele e tão pequeno quanto o que ele contém.”
“Nesta estranha superfície que me é familiar
sou confrontado com encontros e desencontros
por vezes surpreendido pelo que me fornecem
destinos cruzados e linhas traçadas levam um tempo de mim,
tempo que não é desperdício mas
de que perco sempre um pouco.
Até perder, por vezes é necessário
pois só isso me faz gritar
e ter força para continuar a minha fraqueza
que se encontra sempre para além do horizonte.
Existe o que passa e não fica,
apenas vejo a sua passagem.
Existe o que passa e fica,
e não vejo onde está ou o que realmente é,
pedras que abandono contra o meu desejo
mas sei que quando voltar,
não sei onde nem quando,
mas um dia sempre volto,
essa pedra, no mesmo lugar, tem o mesmo peso que sempre teve em mim.”
“Sereno viajo dentro de quatro paredes
isto sim posso considerar um mundo meu
é o que construo que é importante,
é o que trago porque é importante,
importante porque recordo, importante porque necessito de reflectir sobre...
e na verdade, reflectir é o que mais faço
de forma errada ou confusa, talvez, para alguns ou até para mim
mas é a forma que melhor se molda ao meu estado fisico.
Mas na verdade o que vale um objecto de recordação
quando a recordação na memória consegue despultar sentimentos
fazendo sorrir ou chorar sem dar conta.
E continuo a amontoar objectos provocando um caos organizado,
pois só assim me sinto bem,
protegido por aquilo que conheço
num pequeno canto de uma superfície redonda,
viajando por onde o pensamento me leva
fazendo o que quer que seja que me eleva.
Entre estas quatro paredes,
Eu grito, grito o mais alto que possa,
pois sei,
estas paredes têm ouvidos mas não boca.”
2013
 
Grito
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Grito

Trabalho Fotografico inspirado nas pinturas de Edvard Munch " O Grito". Para construir estas imagens recorri à tecnica Light Painting na captura Read More

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