“R(om)eligion Silhouette II”
Roma - Itália // 2010
[ Musical sugestion:R.E.M. - ”Loosing my religion” ]
“Osescritores religiosos queixam-se constantemente de que aqueles que discordamdeles são cegos como morcegos e surdos como víboras. E são mesmo. À visão queeles têm, à música celestial que eles ouvem, os seus opositores são na verdadecegos e surdos. Eles próprios não são menos cegos e surdos em relação ao que osseus opositores vêem e ouvem. Cada parte acusa a outra, e cada uma crêexclusivamente na razão. E do ponto de vista pragmático isto está inteiramentecomo deve estar. Aqueles que crêem estar exclusivamente na razão são geralmenteaqueles que conseguem alguma coisa. Os heróis de acção são raramente filósofoscépticos. Se Sancho tivesse sido um cruzado ou inquisidor, não teria toleradoque Dom Quixote lhe dissesse que ele estava a dizer disparates. Tê-lo-iaderrubado, ou pelo menos bombardeado com argumentos. Sendo apenas um filósofocéptico, “porquê, verdadeiramente, senhor”, disse Sancho, “se vossa mercê nãome entende, não admira que as minhas sentenças sejam tidas por disparates. Masnão importa, eu cá me entendo.” (Aldous Huxley “Sobre a democracia e outrosestudos”)